Tuesday, May 24, 2011

Sunday, April 24, 2011

going on

Ontem tudo era só tristeza e saudade. Não dava nem para falar sobre isso. Cheguei a fazer uma playlist chamada "Broken Heart" só com músicas bregas como Total eclipse of the heart, The winner takes it all e por ai vai...

Hoje pela manhã sai do ostracismo, venci um desafio muito importante para o qual eu tinha me preparado psicologicamente, sempre contando com a ajuda dos amigos, de um em especial.   Logo em seguida, um almoço de páscoa muito simples, mas muito especial exatamente pela sua simplicidade.  E uma coisa foi levando à outra. Dai veio o final da tarde e a ida à exposição de Escher, com os outros componentes do quarteto fantástico, que me mostrou perspectivas e uma viagem ao impossível. Depois de tudo isso a ida à boa e velha pizzaria da minha rua.  Isso foi tudo. Não, nunca é tudo. Há muitas outras coisas e acontecimentos, mas deixa. O importante é dizer que o umbigo deixou de ser o centro. A saudade e a tristeza ainda  estão aqui. É assim mesmo, não posso fugir delas, mas vou vivendo apesar delas e com elas, porém também com a esperança de que de repente, em algum momento, eu olhe para o lado e elas já não estejam mais lá. Mas enquanto isso, I get by with a little help from my friends and: "turn around, every now and then, I get a little bit lonely and you're never coming round..."

Saturday, April 23, 2011

Friday, March 25, 2011

Revelações

Ontem minha amiga Clara me contou que foi convidada a almoçar em um restaurante diferente. Clara, que como eu gosta de experimentar coisas novas, aceitou prontamente. O restaurante lhe fez lembrar de outro restaurante em um clube do interior, há alguns anos: o mesmo buffet de saladas, a mesma arrumação das mesas. E ali, sentindo o sol de um verânico de outono bater forte em sua face e lado direito do corpo, Clara ouviu algumas revelações. Eram coisas que já aconteceram há algum tempo, com gente que já foi muito ligada a ela e que ela não imaginava... Foi um pouco triste  e até chocante ficar sabendo daquelas coisas. Mas depois, refletindo sobre os fatos, Clara pensou que era melhor não julgar ninguém. As pessoas tem seus motivos e suas motivações...

À noite, quando voltava para casa caminhando pela rua movimentada de sua casa, Clara sentiu  um olhar que a seguia. Ao virar-se viu alguém que ela conhecia mas com quem nunca tinha conversado e então cumprimentou e continuou prestando atenção à música do fone de ouvido. Então, viu que a pessoa a alcançou e lhe perguntou algo. Ao tirar o fone de ouvido, percebeu que o que ele queria saber  era a causa de ela ter desaparecido. Mas eu não desapareci e se soubesse que você sentia minha falta teria "desaparecido" menos ainda, pensou Clara. Que revelação, então gente que nunca tinha conversado com ela  lhe notava e sentia sua falta! O mais engraçado foi a pergunta sobre seu nome e se ela trabalhava em hospital. Clara me contou isso gargalhando, - imagine, eu vestia uma blusa preta e calça escura, por que hospital? Tenho cara de enfermeira? ...risos... O que não me pareceu nada engraçado foi o fato de ela ter dado o meu nome e não o dela para o entabulador de conversas.  Mas bem feito, teve  que ouvir  o clichê: "você tem um nome forte, jamais vou esquecer..."

Friday, March 18, 2011

Entrega pra Deus...


Esses dias meio que testemunhei duas “entregas para Deus e seja o que ele quiser....”
A primeira  tem a ver com uma pessoa que ocupa um alto cargo em uma empresa  que eu conheço. O fato é que esse senhor é fumante inveterado. Apesar de já ter participado de programas antitabagismo patrocinados por ele próprio e nos quais ele mesmo participou para dar o exemplo, a verdade é que o sujeito não consegue parar de fumar. E então, o que ele faz?  Sai em meio ao expediente pelas redondezas da empresa fumando seu cigarrinho, mas de forma discreta. Eu diria que mais ou menos discreta, na verdade,  pois qualquer um pode vê-lo fumando “escondido” na rua.  Só que parece que a coisa vai ficando cada vez mais escancarada com o correr do tempo. Ontem, por exemplo,  eu o vi, em plenas onze e meia da manhã, não andando em uma rua sossegada  da redondezas da empresa como fazia antes, mas quase que gritando: “olha eu aqui fumando, seus cretinos”,  em uma rua super movimentada pertinho da empresa. Por que ele anda “entregando para Deus” eu não sei e nunca saberei porque não sou próxima a ele para comentar e ouvir o que ele diria. O fato é que de certa forma, e sem saber explicar bem porque eu admiro essa entrega para Deus à qual  parece que ele aderiu.
A segunda é um caso um pouco diferente desse senhor, primeiro porque é uma mulher, depois porque é uma pessoa bastante próxima a mim e terceiro porque o caso dela é de amor e ela é casada. Chegou a um ponto que hoje acabei ligando para ela para dizer-lhe que eu estava preocupada achando que ela estava dando muita bandeira. Ela me afirmou que não por telefone, mas no SMS ela havia dito que fulano era o amor da vida dela e a vida é muito curta para deixar passar um amor assim sem celebrá-lo. É claro que eu me preocupei, embora confie muito no taco dela, porque considerei que também ela havia entregado para Deus e seja lá o que ele quiser. “Fique tranqüila, amiga! Tá tudo sob controle. Depois falamos e vai lá ser feliz!”, isso foi o que ela disse.
Eu não sei se dá pra ser feliz entregando tudo para Deus em situações que parecem maiores que nós. Seja como for,  eu me solidarizo e compreendo  pessoas que entregam para Deus. Tem horas que não dá mais para segurar, né?

Saturday, January 29, 2011

As lágrimas da mestranda e do pedreiro

Um dia uma numeróloga disse que minha missão aqui era cultivar a alegria. E pensando bem sempre gostei muito de rir e fico muito, muito feliz quando faço com que as pessoas com quem convivo riam com minhas histórias, meu jeito de ser ou minhas estripulias.

Outro dia fui à universidade para fazer minha matrícula e na fila da secretaria havia uma mulher mais ou menos da minha idade. Visivelmente ansiosa, ela olhou para mim e perguntou o que eu havia escrito na carta para o professor da pós-graduação e logo em seguida me perguntou mais uma meia dúzia de coisas. Ela queria conseguir uma vaga para fazer uma matéria como aluna especial na Faculdade de Letras. Fui respondendo às perguntas, mas chegou um momento que mais que respostas pontuais, achei que ela precisava de uma injeção de ânimo. Então, lhe contei o mais brevemente possível sobre o meu percurso naquela faculdade, que não tinha sido fácil, mas que tinha valido a pena. Disse-lhe por fim que não desistisse, que fosse em frente se era o que queria. Acreditam que ela me agradeceu muito e chorou? Eu também me emocionei um pouco e sai de lá bem contente, com a impressão de tê-la ajudado de alguma forma. Fazer alguém chorar de emoção era algo que eu não lembrava ter experimentado.

Mal sabia eu que hoje algo semelhante iria acontecer. Já era a terceira vez que o pedreiro - que tem o mesmo nome do personagem principal de O amor nos tempos do cólera - prometia vir para colocar uma prateleira no meu banheiro. Meio que por falta de opção continuei acreditando na promessa e não é que ele veio? Entabulamos uma conversa fiada enquanto ele colocava a prateleira. Trabalho feito, perguntei quanto era e ele não quis cobrar. Dei um jeitinho de que ele aceitasse pelo menos "um cafézinho". Então, à queima roupa e discretamente, ele me disse que havia poucas pessoas com "qualidade como a minha" (não! o pedreiro não estava me cantando!). Ele falou isso de maneira muito séria e complementou:" ...e olha que eu conheço a senhora de ter falado umas duas ou três vezes, mas a gente observa. Hoje em dia, está todo mundo muito preocupado consigo mesmo." O curioso é que enquanto dizia essas palavras aquele homem chorou. As lágrimas escorreram dos dois olhos e pude vê-las caindo por trás das lentes dos óculos. Fiquei um pouco surpresa e também comovida. De alguma forma aquilo que para mim parecia conversa fiada para passar o tempo havia representado uma atenção, uma pista de humanidade para aquele senhor de aproximadamente 60 anos, pai de duas filhas e avô de uma futura engenheira mecatrônica.
Então fiquei matutando. Além de fazer os outros rirem, às vezes também posso levar as pessoas a se emocionarem a ponto de verterem lágrimas. Isso pareceu bom nesses dois casos, mas tudo isso é muito novo para mim.Lembrei-me de Cora Coralina que disse que nada na vida tem sentido se não conseguirmos tocar o coração das pessoas...


Tuesday, January 18, 2011

Sr. J. e a solidão

Hoje ao entrar no shopping logo o vi. Era o Sr. J. olhando o mundo à sua volta com uma cara que eu não defini ainda se era de cachorro sem dono ou simplesmente de um humano se sentindo sozinho mesmo. Pode até ser que o Sr. J. estivesse esperando por alguém ali naquela cafeteria ou que resolveu tomar um café por ali depois do almoço porque na casa dele não houvesse o precioso líquido. Mas o fato é que aquela visão me causou pensamentos meio tristes. Nossa, um homem tão conhecido, aí sozinho com essa carinha... e sem nem um smartphonezinho para disfarçar ou mesmo espantar a solidão...
Mas, não parei. Segui meu caminho também carregando minha própria solidão.

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